Ricardo Giusti inicia novo ciclo como diretor Executivo da Fundação Itaú Unibanco
Desafios e perspectivas para a gestão 2025-2029
Com uma trajetória de quatro décadas dedicadas à área jurídica de instituições financeiras, das quais 20 anos foram no Itaú Unibanco, Ricardo Macedo Giusti é reconduzido ao cargo de Diretor Executivo, responsável pelo setor jurídico da Fundação Itaú Unibanco para o ciclo de gestão 2025-2029. Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário e com MBA em Gestão de Previdência Complementar, Giusti reúne sólida experiência técnica e visão estratégica, características essenciais para liderar uma das áreas mais relevantes dentro de uma das maiores entidades fechadas de previdência complementar do país.
Nesta entrevista, compartilha sua perspectiva sobre o papel institucional da área jurídica, os desafios regulatórios e mercadológicos do setor, além de destacar a importância de um planejamento previdenciário rigoroso e consistente voltado para o futuro.
Qual é o papel da área jurídica em uma entidade do porte da Fundação?
A área jurídica exerce um papel fundamental como guardiã da segurança institucional, assegurando que todas as operações estejam rigorosamente alinhadas à legislação vigente, aos regulamentos e às melhores práticas de governança. A atuação vai além do contencioso, abrangendo assessoramento estratégico por meio de pareceres elaborados por nossa consultoria, mitigação de riscos, suporte na elaboração e revisão de normativos, além do acompanhamento contínuo das alterações legislativas e normativas que possam impactar a gestão dos planos.
Quais são os principais desafios para os próximos quatro anos de gestão?
O setor previdenciário está em constante evolução, especialmente no campo regulatório. Precisamos estar preparados para adequações rápidas, sem perder de vista o equilíbrio dos nossos planos, pagamento dos benefícios e o interesse dos nossos participantes e assistidos. Outro desafio é a comunicação clara com todos os públicos e stakeholders sobre os diversos temas tratados por nossa Entidade, principalmente no que tange as questões legais e normativas, viabilizando uma melhor compreensão acerca dos assuntos que permeiam a gestão regular e adequada da Fundação.
Você mencionou que o setor passa por mudanças regulatórias constantes e exige respostas rápidas. Nesse contexto, como o Ato Regular de Gestão, previsto na Resolução nº 23 da Previc, contribui para dar segurança e respaldo às decisões da Fundação?
O Ato Regular de Gestão é um instrumento essencial para assegurar a responsabilização adequada dos administradores de entidades fechadas de previdência complementar. Ele estabelece critérios objetivos para avaliar se as decisões de gestão foram tomadas com diligência, observância às normas e o princípio da boa-fé, visando assegurar o cumprimento da lei e resguardar os interesses dos nossos participantes e assistidos. Na prática, isso exige documentação robusta, processos decisórios bem estruturados e aderência total às políticas internas e regulamentos. Nossa preocupação é manter padrões elevados de governança para que cada ato praticado possa ser devidamente justificado e validado pelos órgãos competentes, garantindo transparência e segurança jurídica em cada ato de gestão. Não é apenas sobre cumprir uma exigência regulatória, mas reforçar a credibilidade e a confiança no sistema como um todo.
O Brasil tem amadurecido na cultura previdenciária?
Certamente, observa-se um avanço, mas ainda há um percurso significativo a ser trilhado. Nota-se que as novas gerações começam a demonstrar maior consciência sobre a importância de preservar seu padrão de renda para garantir uma aposentadoria adequada e com menor dependência do Estado, ou seja, da previdência oficial, a qual necessitará de novas revisões considerando vários fatores, tais como: redução da natalidade, aumento da longevidade, trabalho informal, dentro outros. Neste contexto, é fundamental ampliar o acesso à informação, educação financeira desde os bancos escolares e reforçar que a previdência complementar não deve ser vista como um privilégio de poucos, mas sim como uma necessidade.
E qual deve ser o papel da previdência complementar no futuro?
Ela precisa ser tratada como a principal fonte de renda para a aposentadoria, com o INSS funcionando como complemento. Quanto mais cedo o participante começar a contribuir, mais suave será o caminho e mais expressivos serão os resultados.
O futuro da previdência complementar está atrelado à solidez do sistema, à ampliação do acesso e à oferta de opções flexíveis, que se adaptem aos diversos perfis e necessidades dos participantes. É preciso deixar claro que a construção de uma reserva previdenciária não é fruto de um processo eventual ou pontual, mas sim consistente e contínuo, exigindo disciplina e planejamento responsável ao longo dos anos.
Como a Fundação se posiciona diante das mudanças do mercado e das expectativas dos participantes?
Nosso compromisso é manter uma gestão sólida, transparente e inovadora. Isso significa investir em tecnologia para facilitar o acesso à informação, adotar práticas de governança de alto nível e trabalhar sempre com foco na sustentabilidade dos planos. O jurídico é parte fundamental desse processo, assegurando que cada decisão tenha respaldo técnico e legal.
Para você, o que significa continuar na Diretoria Jurídica por mais um ciclo?
Dar continuidade à atuação na Diretoria Jurídica representa, acima de tudo, a possibilidade de aprofundar o compromisso com a integridade e a segurança institucional. É a oportunidade de consolidar avanços já conquistados, enfrentando novos desafios com uma perspectiva estratégica, sempre voltada à proteção dos interesses dos participantes e ao fortalecimento da governança. Permanecer nesse papel é contribuir para que a Fundação siga adaptando-se de forma ágil e responsável às mudanças do cenário previdenciário, promovendo soluções jurídicas inovadoras, sustentáveis e alinhadas às melhores práticas do setor.